Cartilha 2 de Julho | A TARDE - page 3

O
Dois de Julho não é somente uma data histórica; é
um símbolo de liberdade. Esse dia representa a luta
de um povo contra a opressão, assinalando a vitória
dos baianos sobre as forças militares de Portugal na Guerra de
Independência da Bahia (1822-1823). Após mais de três séculos
de domínio político europeu, surgia um novo país, livre das
amarras metropolitanas que aprisionavam os seus habitantes.
A História da Guerra de Independência nos foi apresentada por
meio dos competentes estudos de Manuel Garcia (1900), Braz
do Amaral (1923) e Luis Henrique Dias Tavares (1975), mas a
literatura também nos ofereceu a sua versão dos fatos através do
poema épico Paraguassu (1833), de Ladislau dos Santos Titara,
e através também da prosa do Sargento Pedro (1910), de Xavier
Marques, na qual despontam os “arrogantes e ruidosos lusitanos,
em cujas caras sanguíneas e truculentas crepitavam olhos em
brasa”. A literatura de Xavier Marques conseguiu captar as
contradições e o espírito da Independência da Bahia, registrando
que nas províncias do Sul, a autonomia política foi marcada por
“salões repletos de flores”, enquanto na Bahia, os portugueses foram
expulsos deixando atrás de si “uma estrada alagada de sangue”.
ODois de Julho ultrapassou as letras e avançou por outras
expressões das artes visuais, como na pintura de Antônio Diogo
da Silva Parreiras, O Primeiro Passo para a Independência
da Bahia (1931). O símbolo da resistência dos baianos contra
a opressão alcançou o teatro com o Auto da Liberdade e da
Independência da Bahia (1963), escrito por João Augusto e, quarenta
anos depois, o cinema, com a produção do curta-metragemO
Corneteiro Lopes (2003), dirigido por Lázaro Faria. A luta dos
“bahienses” contra os “marotos” (portugueses) ganhou novos
significados históricos, nas mais variadas expressões artísticas,
mas mantém-se sempre como um símbolo de liberdade.
A presente História emQuadrinhos, com o texto dinâmico de
Chico Castro e os traços firmes de Gentil, apresenta o Dois de Julho,
pela primeira vez, sob a ótica da nona arte. Os autores usaram a
narrativa epistolar (as cartas ao primo Ruy), que era a principal
forma de comunicação daquela época, como linha mestra para
apresentar todas as fases da guerra, iniciada em 19 de fevereiro de
1822, com o ataque das tropas portuguesas, chefiadas pelo tenente-
coronel Inácio Luis Madeira de Melo, ao Forte de São Pedro. Essa
investida ocorreu emmeio às tensões da Carta Régia, que nomeou
Madeira de Melo para o cargo de Governador das Armas na Bahia
substituindo o brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães e
exaltando os sentimentos pátrios dos habitantes da Bahia.
A publicação desta História emQuadrinhos assinala que a Guerra
de Independência pôde contar diversos personagens históricos, mas
teve como protagonista o povo da Bahia, que avançou no árduo
caminho da liberdade. O objetivo desta representação visual das
lutas no Recôncavo Baiano entre 1822 e 1823 é alcançar os corações
e a imaginação de uma nova geração de baianos, possibilitando-os
descobrir os significados da liberdade para seus antepassados e (re)
pensar novos sentidos para a liberdade nos tempos em que vivemos.
Que a luz do Sol da liberdade, brilhando ao Dois de Julho,
ilumine todos os outros dias.
Pablo Iglesias Magalhães
Professor Adjunto de História do Brasil e História da Bahia
na Universidade Federal do Oeste da Bahia
Projeto gráfico e
diagramação:
Bamboo Editora.
Texto:
Chico Castro Jr
Ilustrações:
Gentil
Assessoria histórica:
Pablo Iglesias Magalhães
Revisão:
Gabriela Ponce
Fontes:
Um História da Cidade da
Bahia
, de Antônio Risério.
Versal Editores, 2004.
História da Bahia
, de Luís
Henrique Dias Tavares.
Editora Unesp, 2009.
Biblioteca Virtual 2 de Julho:
.
br/portal/index.php/home.
html
Wikipédia:
/
Independência_da_Bahia
Corneteiro Lopes
(2003), filme
de Lázaro Faria.
Revista Raça Brasil:
.
br/cultura-gente/155/arti-
go219388-1.asp
2ª edição.
Copyright ©
2015
by
Bamboo Editora.
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